sexta-feira, 20 de abril de 2012

Escrevo-te enfim...

"Sabes, perguntava-me até que ponto eras aquilo que eu via em ti ou apenas aquilo que eu queria ver em ti.
Eu queria saber até que ponto tu não eras apenas uma projecção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em ti todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem tuas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar não era mais conseguir ver, entendes?

Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que fosses o meu encontro.
Quis tanto dar, tanto receber.
Quis precisar, sem exigências.
E sem solicitações, aceitar o que me era dado.
Sem ir além, compreendes?
Não queria pedir mais do que tu tinhas, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era teu.

Mas se tu tivesses ficado, teria sido diferente?

É melhor interromper o processo ao meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que vai doer muito mais, para quê ir em frente?
Não há sentido: melhor é escapar deixando uma lembrança qualquer, um lenço esquecido numa gaveta, uma camisa atirada numa cadeira, uma fotografia, qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber porquê.
Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.

Tinha terminado então.

Porque nós, alguma coisa dentro de nós, sempre sabe exactamente quando termina.
Mas de tudo isso, ficaram-me coisas tão boas.
Uma lembrança boa de ti, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar a sentir encantamento por uma outra pessoa que o futuro me trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo.

Mesmo que nos percamos, não importa.

Que se tenha transformado em passado antes que se torne futuro. Mas que seja bom o que vier, para ti, para mim.

Escrevo-te, enfim, ocorre-me agora, porque nem tu nem eu somos descartáveis...
E eu acho que é por isso que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar de mim, para não querer, violentamente,... não querer de maneira nenhuma ficar na tua memória, teu coração, tua cabeça, como uma sombra escura."


CFA



4 comentários:

Lígia Gomes disse...

Olá! Se fores fã do meu blog agradecia que desses um like na pagina do facebook ;)

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Anónimo disse...

Amei...

18xapac disse...

Muda de destinatário nas tuas cartas, já é hora de o fazeres!

Anne Crystal disse...

Olá. Tenho um desafio para ti no meu blog :) Espero que gostes!